por Anne Rodriguez
Correspondente Internacional
Santiago de Querétaro, México
Vim para estudar espanhol. Assumi o papel de professora particular de português para estrangeiros. A vida é mesmo cheia de surpresas! Nunca pensei em me aventurar na arte de dar aulas, nunca. E muito menos de português, e para gringos! Mas, como não resisto a um bom desafio, topei mais essa e cá estou no México, como professora particular de português. E também, aluna de espanhol – o objetivo inicial.
Dar aulas é realmente uma arte. Ao “tentar” preparar a aula do dia, me recordo dos meus professores preferidos e busco a inspiração neles para definir a melhor didática para atrair o meu aluno. Aí, eu vejo o quanto preciso de criatividade, boa vontade e dedicação. Como eu gostaria de ter respeitado mais os meus professores e não ter conversado tanto nas aulas e ter me dedicado mais a todos os exercícios que eles propunham…
Eu tinha medo de dar aulas. O motivo exato? Eu não sei. Por isso, a experiência como “professora” de português é um desafio e um aprendizado mútuo. Me surpreendo ao reconhecer que há pessoas dispostas a aprender o português aqui no México, em um contexto em que os idiomas mais exigidos são o inglês, o espanhol e o francês. Fico contente, ao mesmo tempo, em descobrir que há mexicanos que se dispõe a aprender a minha língua nativa. E, o mais interessante, é perceber que muitos deles acham o idioma “bonito”.
A situação contribuiu para eu refletir sobre diversos aspectos. Incluindo o - talvez - inexistente respeito que os brasileiros têm com o nosso idioma. Observa-se os inúmeros neologismos derivados de outras línguas, onde se destaca o inglês, que foram incorporados ao nosso vocabulário tupiniquim. Claro que a globalização colabora para a adoção desses estrangeirismos no dia-a-dia do país. Porém, há o fato de várias palavras, nomes e expressões serem incorporadas pelos brasileiros com a equivocada idéia de serem mais fashions ou cools.
Dentre as opiniões contra e a favor dos estrangeirismos, destaco a observação de Ernani Porto, “por trás da importação de palavras, há também um mecanismo de exclusão social, o analfabeto em inglês que, aliás, é a grande maioria dos brasileiros”. E se não bastasse o analfabeto em inglês, há a notória existência dos analfabetos do próprio português.
Ao tentar explicar a maneira correta de falar o português brasileiro, noto também o quanto a linguagem coloquial nos vicia a usar tão mal o nosso idioma, adotando um vocabulário limitado e pobre no dia-a-dia. A língua oficial de um país é o seu maior patrimônio histórico e cultural. Mas, infelizmente, para muitos brasileiros, o tupiniquim é apenas uma ferramenta de comunicação viável e necessária.
2 comentários:
Super Anne... adoro os seus temas.
Boa sorte aí no México como professora.
bjss
Que felicidade.
Parabéns Anne, como ótima profissional que você é, com toda certeza os seus alunos estão adorando o português, o melhor de tudo é que você conhecerá os desafios da língua deles e passará os da nossa, isto é um excelente trabalho, parabéns.
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