26.3.08

Ubatuba recebe delegações das 52 cidades do JORI

A capital do surf se prepara para iniciar um dos maiores eventos esportivos do estado

Agência SR Prado Comunicação
de Ubatuba

A cidade de Ubatuba recebeu nesta quarta-feira, 26, as delegações dos 52 municípios que participarão do XII JORI (Jogos Regionais do Idoso), no Ginásio de Esportes Benedito Pinho Filho.

Segundo a primeira-dama e presidente do Fundo de Solidariedade, Denise César, destacar a valorização da melhor idade e a interação entre os atletas, estão entre os principais objetivos dos Jogos Regionais do Idoso. É um projeto do governo do Estado de São Paulo que é repassado aos governos municipais através do Fundo de Solidariedade.

Na ocasião, o Secretário de Esportes de Ubatuba, José Luiz Bittencourt Jr., fez a entrega simbólica dos kits para as delegações, contendo um guia dos jogos, uma mochila e um mapa de orientações.

Bittencourt afirmou ainda que o trabalho, a partir de agora, com a chegada de todas as delegações, será mais intenso. O secretário da pasta destacou também os preparativos para a recepção dos atletas, o cuidado com os locais dos jogos e alojamentos das equipes, pois “até então a cidade estava se preparando para recebê-los, e agora teremos efetivamente o começo dos jogos”, concluiu.


Os cerca de 3000 atletas que participam das competições receberão atendimento personalizado. Em todos os alojamentos foram feitas adaptações especiais, como banheiros com pisos antiderrapantes e a instalação de corrimões, pois os competidores têm idades superiores a 60 anos.

FIES: dívida ou trabalho?

por Marcos Cuba

Prestar um vestibular e passar às vezes não é tão difícil como pensam, mas se manter dentro de uma faculdade não é tão simples como parece. Além das mensalidades, que não custam menos do que R$ 250, há outros gastos como com os livros, apostilas, lanche e no final do curso existe mais um gasto, o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), algumas pessoas fazem monografias, o que fica mais barato, mas nem sempre o barato é fácil e outras pessoas optam por produzir produtos para serem aprovados e adquirir o diploma de curso superior. Lembro-me quando eu estava no meu segundo ano de faculdade e um professor dizia que estávamos investindo em nosso futuro e que para sermos profissionais de destaque precisaríamos ser as bolinhas vermelhas, será que ser bolinha vermelha hoje em dia basta ou, além disso, precisamos de uma forcinha?

Toda essa introdução é para dizer que pisar numa faculdade é algo que está se tornando uma realidade brasileira. Os que estão cursando uma faculdade são considerados vencedores e há pessoas que dizem que estes são parte da elite. Nem sempre, sou prova disso.

Quando temos um sonho devemos lutar por ele, e foi isso que fiz, por mera coincidência estes dias eu assisti uma palestra cujo tema era motivação, me vi no papel do palestrante. Caso vocês queiram saber do que estou falando acessem o blog www.primeiraturmadeletras.blogspot.com
e confiram.

Não utilizei o Fies que é uma forma de financiar os estudos numa universidade, eu pude estudar com bolsa integral 100% do programa Escola da Família, mas o que venho dizer é que agora esta forma de custear os estudos poderá ser trocada por serviços. Mas isto não é para todos e sim para os professores de matemática, física, química e médicos. A proposta deverá ser assinada no Rio de Janeiro e possivelmente será criada uma lei, mas para trocar a dívida do financiamento por trabalho é preciso optar por isto quando assinar o contrato.

Fico feliz em saber que as oportunidades do ingresso à universidade estão ampliando, mas ao mesmo tempo me preocupo com a formação destes profissionais, porque infelizmente há instituições que querem enriquecer e não se preocupam com a qualidade do ensino e dos profissionais formados, e por outro lado me pergunto, porque depois de tanto tempo que decidiram dar oportunidades aos pobres oprimidos que desejavam estudar?

O poder da mídia contra o mosquito

por Fábio Santos

Se eu perguntar qual foi o ponto alto da programação televisiva nesta terça-feira, 25, a audiência e a maioria das pessoas me dirão que foi o final do Big Brother Brasil 8. Mas como jornalista, gostaria de mostrar um outro momento, veiculado pela própria Rede Globo, nesta terça.

Com a atual crise de saúde pública instalada em decorrência da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, a emissora carioca começou a mostrar que a mídia pode e deve ajudar neste problema. Durante o Jornal Nacional foram exibidas reportagens que mostraram a história de algumas vítimas fatais da doença, tentando sensibilizar os telespectadores.
Todos sabemos que a Rede Globo possui grande poder sobre a opinião pública e agora está utilizando este poder para levantar a bandeira do combate à dengue.

Cabe observar que no ano de 2007 o Estado do Mato Grosso passou por crise parecida e a grande mídia não deu tanta ênfase quanto agora. Concordo que a epidemia de 2008 é mais grave, mas acredito que o fato de estar ocorrendo no “quintal” da emissora, contribuiu para esta mobilização.

A Rede Globo está certa e é o dever dela realizar este serviço de utilidade pública, mas o que gostaria de discutir é o fato de sermos tão dependentes deste poder de opinião da empresa. Após a primeira reportagem do Jornal Nacional o Governo já instaurou um gabinete de crise e disponibilizou tendas para a hidratação dos pacientes. Qual seria a atitude se a imprensa não estampasse a crise de saúde no horário nobre?

A mídia é importante sim, mas os Governos precisam administrar as questões de interesse público e a população deve agir com consciência, sem a necessidade de campanhas e fiscalizações.
A dengue é uma realidade e a cada ano mata mais pessoas. Quando será que vamos aprender a cuidar de nós mesmos?!


Acredito que o Governo do Rio tenha culpa pela má qualidade no serviço de saúde pública, mas tenho certeza de que a população foi omissa e contribuiu para que, mais uma vez, pessoas fossem derrotadas por um simples e frágil mosquito.

25.3.08

Ian Curtis não morreu!

Participação Especial
por Oswaldo Corneti

Não foi medo nem delírio (é sério!), mas o fato é que o dito cujo estava lá em São Paulo. Sim! Ele mesmo, Ian Kevin Curtis, vocalista e letrista da banda inglesa Joy Division, em carne e osso.

Antes que você ache que esse texto é uma grande balela, eu te explico:

Em 18 de maio de 1980, a imprensa musical britânica, comunicou para quem quisesse ouvir, através de um anedotista, a morte por suicídio, de Ian Curtis. A noticia se espalhou rapidamente, assim como fofocas de senhoras desocupadas, tipo facilmente encontrado em qualquer cidadezinha tosca do interior paulista.

Passados quase trinta anos, eis que Ian reaparece em São Paulo, na noite do ultimo dia 11 de março, para uma apresentação com sua nova banda, Interpol.

Com seu comportamento típico de vocalista de banda indie, Ian, que agora atende pelo nome de Paul Banks, pouco falou com a platéia de quase cinco mil pessoas que se “acabavam na pista”, de tanto dançar aos hits de sua nova banda.

Não se sabe ao certo que de fato levou Ian (ou melhor, Paul Banks) a sair do Joy Division e a montar sua nova banda tanto tempo depois de sua morte ter sido anunciada. Mas o que é bacana de se notar, é que sua voz continua a mesma, e a nova banda, segura a onda direitinho no quesito “ao vivo”.

O show, que começou com certo atraso(os rapazes da banda vestiam seus terninhos engomadinhos como de costume, enquanto Ian estava com um penteado, que talvez justificasse tanta demora do grupo), ao som de Pionner To The Falls, musica que abre terceiro disco de estúdio da banda americana. Um tecladista ainda tentava reforçar o som, mas logo se percebeu que não teria tanto êxito. A aparelhagem e a acústica da casa, deixaram a desejar, e durante algum tempo, o tecladista ficava fazendo gestos para o técnico da mesa de som, o que não surtiu muito efeito.

“Os caras estão tirando leite de pedra!”, exclamou Fabiano Nubrassi, de vinte anos.

O set list, que mesclou músicas dos três álbuns do Interpol, teve dezoito pedradas disparadas em mais ou menos uma hora e meia de show. Porém, a que mais inflamou a platéia, foi "Stella Was a Diver and She Was Always Down", do álbum “Turn On The Bright Lights”, o primeiro da banda.

De todos da banda, o que mais chamou a atenção, foi o competente guitarrista, que tocava como um esganado, dançando de forma um tanto desengonçada, enquanto disparava riffs de guitarra feito um louco.

“Estou surpreso com o comportamento do guitarrista (Daniel Kessler). “De certa forma o cara até que interagiu com a platéia, e me surpreendeu, porque li várias declarações deles na imprensa, onde eles diziam para o publico não esperar muita coisa deles em matéria de calorosidade”, comentou Mauricio Neves, de vinte e dois anos, que aguardava na fila desde as duas da tarde (as portas só se abriram às sete da noite). E completou: “Valeu a pena esperar tanto tempo!”.

Na platéia, composta em sua maioria por jovens na faixa dos vinte e poucos anos, e alguns tiozões saudosistas dos tempos do Joy Division, a empolgação foi tanta, que alguns deles nem se deram conta do clima dantesco que tomava conta do lugar. A estudante de direito, Renata Moura, de vinte e seis anos, estava eufórica: “Ta demais! Você não pode imaginar a minha alegria! Eu estou molhadinha!”. Sim, todos que estavam na parte mais próxima ao palco, ficaram “molhadinhos”, mas foi de suor(você já tava pensando besteira né seu safadjénho!).

“Eu prefiro assistir ao show aqui no pé do palco, pra ouvir se sentir a musica de maneira mais intensa, se você quer ir lá pra trás, pode ir.”, berrava uma garota, a plenos pulmões, a um rapaz (certamente seu namorado), que queria ficar longe do inferninho que estava a região conhecida como “gargarejo”.

Pra piorar, a administração da casa de shows, não disponibilizou dinheiro de troco o bastante pra atender a demanda do bar. Resultado: filas enormes e muita irritação apenas pra tomar aquela cervejinha malandra e refrescante com os amigos.

Voltando a Ian (tá bom, Paul Banks), o rapaz apenas disse algumas palavras inaudíveis ao microfone, certamente para agradecer a presença de todos, e aos corajosos que tiveram a moral (e a grana) pra pagar cinqüenta paus numa camiseta vendida pelo merchandising oficial da banda, dentro da casa.

Entre molhadinhos e irritadinhos, a platéia até que se comportou bem, e a molecada indie pode ir pra casa com um sorrisão enorme no rosto e a sensação de terem feito o dever de casa certinho. Afinal, “indie que é indie, se comporta de maneira educada e bonitinha, caso contrário, papai não libera a grana pra dar rolê no sábado a noite”, né benhê!

A temporada de shows gringos em terras tupiniquins promete ser muita intensa em 2008, ainda se espera outras bandas como Radiohead, Klaxons, Editors, que são aguardadas com euforia pelos moderninhos de plantão, assim como os católicos aguardam ansiosamente o retorno de vossa santidade, o papa Bento XVI.

Ubatuba realiza Congresso Técnico do XII JORI

Agência SR Prado Comunicação
por Cleyton Torres

Ubatuba – Nesta quarta-feira, 19, foi realizado o Congresso Técnico do XIIº JORI (Jogos Regionais do Idoso), no Areia Summer House, na Praia Vermelha do Norte. A reunião, formada pelos membros do Comitê Organizador, tinha o objetivo de sortear as chaves que definiriam a composição de equipes que se enfrentariam. O evento, que é um dos mais importantes do Estado de São Paulo, este ano ocorrerá em Ubatuba, e conta com 52 cidades inscritas e cerca de 3.000 atletas, todos com 60 anos ou mais.

Na reunião, entre os integrantes da mesa, estavam a presidente do Fundo Social de Solidariedade de Ubatuba, Denise Cesar, o Chefe do Comitê Dirigente, Paulo Luiz Vantine, o Diretor da Divisão de Lazer da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Turismo, Enio Leôncio de Souza, além do Secretário de Esportes, José Bittencourt.

Bittencourt destacou a importância para Ubatuba em sediar os jogos, ao mencionar “o aquecimento da economia da cidade, assim como o benefício para a rede de hotéis e restaurantes”. O Secretário de Esportes também lembrou os resultados positivos obtidos por Ubatuba na realização do JORI anterior, onde 56 municípios se inscreveram e a cidade ficou em 4º lugar.

Os atletas que irão participar da competição receberão atendimento personalizado. Todos os banheiros sofreram adaptações, já que os competidores têm 60 anos ou mais. Também foram instaladas cozinhas em todos os alojamentos, que servirão 5 refeições diárias, além de funcionários do evento que irão atender às necessidades das equipes.

A recepção das equipes acontecerá no dia 26, no Ginásio de Esportes Tubão. O coquetel de recepção às primeiras-damas acontecerá na sexta-feira, 28, a partir das 14h, no Restaurante Oásis, na Praia Grande, e a cerimônia de abertura acontecerá no mesmo dia, às 16h, no Ginásio da E.M. Marina Salete, no Perequê Açu.

Para a imprensa, os órgãos interessados podem cadastrar os profissionais para a cobertura jornalística do 12º JORI. A imprensa poderá contar com computadores, impressora e telefone, que serão colocados à disposição, na sede do Comitê Dirigente.

agencia.srprado@gmail.com

Pequim 2008

por Cleyton Torres

No dia 8 de Agosto, quando os Jogos Olímpicos se iniciarem, 10 mil jornalistas e meio milhão de turistas estarão pelas ruas de Pequim. Como irão os chineses tapar esse sol com a peneira?


Vídeo-chamada do blog



AUTOR
O jornalista e membro do Blog Seu Brasil, Fábio Santos, foi o produtor do vídeo-chamada para nosso blog, publicado no YouTube.

Conscientização: quanto ainda vamos perder por sua ausência?

por Vanessa Espíndola

Extremamente chocada com a situação da dengue no Rio de Janeiro, pus-me a questionar o problema. A verdade é que quando se fala em dengue, pelo menos na cabeça de muitos, o que vem a cabeça são aqueles famosos cartazes sobre o mosquito transmissor e com vasos e garrafas de água. Está bem, você lê o cartaz, fica ciente dos riscos da doença e das estatísticas com o número de vítimas
.

Eu lhe pergunto o que você faz?

Seguem duas alternativas:

Primeira: Resolve fazer algo em relação ao que leu, fiscaliza sua casa, evita pontos de água parada e procura realmente conscientizar as pessoas, mesmo que seja apenas na sua casa.
Segunda: Você pensa: Nossa, essa história de Dengue é perigosa mesmo...
Dois minutos depois, já nem lembra do que leu. Está bem, vamos ser mais generosos, você lembra do que leu, mas não põe, absolutamente, nada em prática.

Sejamos sinceros, muitas vezes acabamos não colocando em prática toda a informação que nos é passada. Mas por que isso acontece?

Por que a conscientização só chega quando a situação já está alarmante?

O caos em que se encontra o município do Rio de Janeiro deveria servir de lição para o resto da população brasileira. Deveríamos olhar para a situação e procurar nos conscientizar a respeito do problema.

A luta contra a Dengue deve ser diária e não adianta confiar apenas na eficácia dos panfletos e cartazes, que também são importantes, mas que só têm eficiência quando conciliados ao bom senso de cada um.

No ano passado, a cidade de Ubatuba-SP teve grande número de pessoas picadas pelo mosquito, resultado: em 2008, o índice praticamente caiu a zero, porque desta vez o poder público e o poder local uniu forças para combater o problema que deixou a cidade em pânico o ano passado.

Mas será que precisamos passar por uma epidemia para aprender a lição?

Quando somos capazes de abraçar uma causa e envolver nossa comunidade, as conseqüências do problema diminuem, basta colaborar.

A sua conscientização, neste caso e em outros casos, faz a diferença.

* Aproveito para indicar blogs de dois colegas que são a favor da conscientização de questões extremamente importantes, Meio Ambiente e Política.

Blog Natureza em Pauta
Jornalista Anne Rodriguez

Blog Por trás das Cortinas

Jornalista Hugo Luz

24.3.08

Entrevista com Marco Antonio Giorgi

"A crise pode ser apenas a ponta do iceberg"

Entrevistamos Marco Antonio Giorgi, operador financeiro de uma das agências bancárias do maior banco privado do Brasil, o Bradesco


por Cleyton Torres

Blog Seu Brasil - O economista e atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, mencionou a crise de 29. O mundo realmente caminha para isso?
Marco Antonio Giorgi - Há quem compare a crise atual com a crise de 29, afinal, no fundo, ambas foram causadas pela euforia e excesso de confiança. O fato é que a economia é cíclica, e a crise é seria, mas daí a comparação com a crise de 29 já acredito ser um exagero, por diversos motivos.

O principal deles é que, atualmente, há diversos instrumentos de política monetária nas mãos dos governos e que não existiam, ou não eram usados em 29 com a mesma eficiência que hoje, como políticas de juros e políticas cambiais. Basta ver o esforço do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) para reduzir os juros e injetar assim dinheiro na economia.

O segundo motivo é que a economia atual é muito mais transparente do que era em 29. Hoje a informação corre solta. Em 1929, negociavam-se papéis de empresas que nem sequer existiam, simplesmente por falta de informação. Atualmente, os investidores acompanham em tempo real todas as bolsas do mundo através da Internet. Qualquer um pode ver o balanço de uma empresa que possui ações, e assim analisar sua saúde financeira antes que venha o pior.

O terceiro motivo está em que a economia mundial está bem menos dependente dos Estados Unidos. A China passa a ganhar espaço com uma velocidade impressionante, e pode se tornar o grande motor da economia mundial no caso de um agravamento na situação americana. Bom para o Brasil, que exporta cada vez mais para a China do que para os Estados Unidos.

Com certeza os motivos não tiram a gravidade da crise. Praticamente todos os indicadores da economia indicam um quadro recessivo nos Estados Unidos. Segundo Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, será a pior desde a II Guerra Mundial. Exageros à parte, vale lembrar também que o Brasil nunca esteve tão preparado para enfrentar uma crise como está agora. As reservas internacionais estão altas, sendo que a dívida externa está zerada. A Selic (taxa básica de juros) também encontra-se no menor nível da história (ainda que alta para padrões internacionais), e o câmbio barato ajuda a segurar a inflação. Sem falar na possibilidade de receber grau de investimento. Vale lembrar novamente que os Estados Unidos possuem uma participação cada vez menor nas nossas exportações, ou seja, somos cada vez menos dependentes deles. Se fosse em outros tempos, (alias, há nem tanto tempo assim) com certeza veríamos a Bovespa derretendo, e o dólar disparando a cada dia. Mas não. O Brasil mostrou que é confiável e ganhou a confiança do investidor estrangeiro. Basta ver que, das principais bolsas do mundo, desde o início da crise, a Bovespa foi uma das que menos se desvalorizaram.

Apesar disso, não se sabe ainda se seremos afetados. Ainda não existe consenso entre os economistas do contagio da crise nos países emergentes. Mas de que estamos muito mais preparados para passar por uma crise, parece não haver dúvidas.

BSB - Em relação à crise, o que representa a compra do Bear Stearns pelo JP Morgan?
MAG -
Bear Sterns é um ícone do mercado financeiro americano. Trata-se de um banco de investimentos respeitadíssimo, com 85 anos de vida (tendo sobrevivido, portanto, à crise de 29, e à II Guerra Mundial), e que se orgulhava de nunca ter tido prejuízo em nenhum período de sua historia. Vale lembrar também que era um banco focado justamente no que foi o pivô da crise: os títulos imobiliários de altíssimo risco. Mas também vale lembrar que o preço de uma ação deste banco, há pouco tempo, era de aproximadamente US$ 100.

Pois bem. Chega a crise imobiliária. Descobre-se que a carteira do banco, focada nestes títulos, vale muito menos do que acreditavam que valia, e os calotes dos clientes começam a acontecer, e assim começa uma série de prejuízos. Com certeza o Bear Sterns não foi o único, como se viu os rombos bilionários nos balanços dos bancos americanos. Mas foi o pior até agora, justamente porque era focado no setor que era o olho do furacão.

Por fim, o rombo foi tão grande, que o JP Morgan o comprou por um valor por ação de US$ 2, praticamente uma bala Juquinha. Era a mesma ação que, há menos de um ano, valia US$ 100. Além da desvalorização absurda, a quebra do banco gera uma incerteza muito grande no setor. O mercado começa a especular quem será o próximo banco a quebrar, e um banco começa a desconfiar do outro. Assim, os empréstimos entre os bancos ficam mais caros, afinal, para emprestar para alguém que possa estar quebrado, cobra-se juros muito mais altos para compensar o risco do calote. Com juros mais altos, a economia não se estimula, as empresas não crescem, e o desemprego aumenta.

BSB - A possível inflação no Brasil é um sinal de que seremos atingidos?
MAG -
A inflação no Brasil ainda está sob controle. O dólar barato ajuda a segurar a inflação, pois estimula as importações. O grande risco que eu vejo na inflação é se houver reajuste na gasolina, pois o combustível é responsável por uma boa parte do índice de inflação, e o preço do petróleo está batendo recordes históricos, ultrapassando US$ 100 por barril, chegando quase nos US$ 110 (para se ter uma idéia, era de aproximadamente US$ 30 em 2003, quando Bush invadiu o Iraque). Se continuar nesse nível, mais cedo ou mais tarde a Petrobrás terá que reajustar o preço da gasolina, e isto pode dar um empurrão na inflação.

Mas como os dólares não param de sair dos Estados Unidos para entrar no Brasil, o câmbio deve continuar baixo. O Banco Central também não deve fazer loucuras de reduzir juros de forma irresponsável agora. Esses fatores devem ajudar a segurar a inflação, pelo menos no curto prazo.

BSB Há saída para fugir da crise?
MAG -
Não acredito em uma resolução da crise no curto prazo. Na verdade, o mercado ainda não sabe com precisão sua dimensão, mas aparentemente ela é mais profunda do que se pensava. Os balanços dos bancos americanos, com seus rombos bilionários, assustam, e não se sabe ainda se todos os prejuízos já foram contabilizados, ou se a primeira leva de balanços é apenas a ponta do iceberg. Primeiro, achavam que era um problema só dos bancos, depois vimos quebras de seguradoras de crédito, que faziam seguro justamente dos créditos desses bancos. O medo é que comece a se espalhar para empresas de setores diferentes, contagiando o resto da economia.


Talvez o pior da crise seja que ela irá trazer restrição ao credito nos Estados Unidos, pois ela foi causada justamente pelo crédito fácil que bancos ofereceram a clientes com capacidade de pagamento meio duvidosa. Essa restrição ao crédito por si só já dificulta a resolução da crise, uma vez que com pouco crédito, fica muito difícil movimentar a economia.

A expectativa é que a crise está começando a dar as caras mesmo agora, o que antes era somente um começo e não havia noção de sua dimensão. Estamos entrando na pior fase da crise, pois logo mais o Fed não terá mais como reduzir os juros, e terá que tomar medidas diferentes que não se sabe se serão eficientes.

Mas também não acredito que seja o apocalipse. Bem ou mal os prejuízos estão sendo contabilizados, e a economia deve se recuperar no médio/longo prazo. O fato é que os fundamentos no Brasil estão muito bons e, ironicamente, a economia do Brasil é o oposto da dos Estados Unidos. Enquanto a americana vive uma crise, nós é que vivemos uma prosperidade. Acredito que a situação aqui só poderia piorar de uma maneira mais forte se a China e os outros emergentes forem contaminados.

BSB - O Fed corta os juros e vai a 2.25%. Isso alivia o mercado?
MAG -
O Fed cortando juros é como um caminhão de bombeiros em um incêndio: o “custo do dinheiro” para empréstimos no curto prazo fica mais barato, e a economia se movimenta. Isso vem aliviando o mercado desde o primeiro corte de 0,50%, no segundo semestre do ano passado. Mas é uma medida que tem limite. Vale lembrar que, desde o começo da crise, os juros já caíram mais da metade. O espaço para novos cortes é cada vez menor, até porque, isto gera inflação porque também aquece o consumo. Uma crítica é que o Fed demorou demais para tomar a atitude de cortar juros, e quando cortou, cortou de uma forma meio desesperada. A grande questão no mercado é o que o Fed vai fazer depois que os juros chegarem a um limite, que não está nem um pouco longe. Ou seja, a “gordura” para cortar juros está acabando, se é que já não acabou. Novos cortes a partir de agora começam a estimular inflação. Aí sim a crise pode se agravar. É como se a água do caminhão de bombeiros estivesse muito perto do final, e o incêndio continuasse alto.

BSB- Haverá mais cortes nos juros aqui no Brasil?
MAG -
Não acredito em cortes no Brasil por enquanto, pelo contrário. A tendência da Selic agora é de estabilidade com ligeira tendência de alta, como dizem os economistas que leram a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). E não deve cair mais por enquanto, justamente porque, diferente da americana, a economia brasileira está muito aquecida, então cortes nos juros trariam inflação. Enquanto nos Estados Unidos, o Fed corta os juros para estimular a economia, aqui acontece o contrário. O Banco Central mantém, para não superaquecer a economia e não gerar inflação. O viés de alta na Selic é justamente para tentar segurar o risco inflacionário.

BSB- A desvalorização do dólar já é mundial. O que isso pode afetar no cenário de um futuro próximo?
MAG -
A desvalorização do dólar é mundial, e é de certa forma preocupante. Com isso, as exportações americanas são estimuladas, e as importações, desestimuladas. Assim, o dólar fraco puxa a inflação dentro dos Estados Unidos para cima. Somado ao dólar fraco, temos a queda nos juros americanos, que também estimula a inflação. Ou seja, oferta e demanda: consumo estimulado e falta de produtos no mercado, elevando os preços para cima.

O grande risco é de o dólar barato e os juros baixos transformarem a recessão americana em estagflação, o que é bem pior, pois é a combinação de inflação alta com falta de crescimento econômico. Em outras palavras, a economia não cresce, e o poder de compra da moeda se corrói. Algo parecido com o Brasil dos anos 80. Um cenário desses pode acontecer dentro dos Estados Unidos, se o Fed não conseguir manter o controle da inflação.


O dólar fraco também é responsável pelos recordes nos preços das commodities, como o petróleo a mais de US$ 100 por barril, e o reajuste do preço de minério de ferro conseguido pela Vale, com aumento de 70% em relação ao ano passado. O aumento nas commodities é muito bom para o Brasil, pois são esses os produtos que exportamos, basta ver que nossas principais empresas são Petrobrás, que exporta petróleo e Vale do Rio Doce, que exporta principalmente minério de ferro.

Mas com certeza o nível do dólar começa a preocupar não só o Brasil, como também os outros países, pois não se sabe ainda até que ponto é sustentável. Pode ser tudo uma grande bolha especulativa. A velocidade da queda do dólar dificulta a adaptação da economia ao novo câmbio, o que prejudica o exportador brasileiro que não exporta commodities, e pode gerar no curto e médio prazo, quebra de algumas empresas exportadoras, e desemprego.

Fonte: Blog Mídia8!

23.3.08

Um Libanês em minha vida – parte II e final

por Beatriz Ramos

Depois de ter me apaixonado loucamente por um libanês de nome que agora descobri, se chama Yaba Caleb Abdala, posso dizer que sou uma pessoa completa. Novamente, tudo bem com você? Espero que esteja, pois eu, como uma mulher apaixonada, posso gritar aos ventos que sim, também estou bem e muito obrigada por perguntar.

Voltando ao assunto, pretendo terminar a história de uma semana que virou romance ou conto policial. Meu amigo libanês Abdala, se insinuou para mim durante vários dias. No começo não entendi o que todo aquele charme significava. Mas depois de tantas pessoas vindo me dizer que tudo aquilo se chamava amor, eu então, uma mocinha desligada, acordei para a vida e percebi o imperceptível, o amor havia passado por mim. Veio de uma forma nobre e delicada. Primeiro Abdala me ameaçou com um alicate, aqueles de construção com o cabo vermelho, velho e enferrujado. Depois quis, novamente, que me jogasse do segundo andar do prédio onde trabalho. Se ele queria me matar? Claro que não. Vocês não conhecem o Abdala, um libanês, quase turco de tão generoso. Com seus óculos de grau e andar cambaleante, com suas combinações de roupa: calça jeans caindo, sapato social e blusa floral, nos tons azuis e às vezes vermelhos, parecidas com blusas havaianas. Meu amigo libanês sabe como se vestir.

Não contente de chamar minha atenção, Abdala tentou fazer com que eu sentisse ciúmes dele. Ficou querendo comprar a unha de minha amiga e colega de trabalho, Jana Cortez. Todo dia, com seu bom humor matinal, fiscaliza as unhas de Jana para dar um bom preço por elas. No último sábado, suas unhas valiam dez reais. Mas depois que tirou o esmalte, o preço caiu para cinco reais. Exótico que só ele, meu amigo libanês tentou arrancar à força a unha inteira de Jana, e garantiu que ela nem sentiria dor.

Estou começando a ficar com sono, hoje é domingo, dia péssimo e chato por natureza, estou ficando com frio também. Um bom sinal de uma noite tranqüila. Claro que não vou conseguir dormir agora para acordar disposta amanhã. Então dormirei apenas três ou quatro horas. Mas isso não vem ao caso, pois o amor que sinto nesse momento, que estou digitando essas palavras singelas, supera tudo.

Faz três semanas que comecei a trabalhar. Um trabalho árduo, acordo ao nascer do sol e volto para meu lar depois do entardecer. Lembrei daquele filme com a Julie Delpy, Antes do pôr-do-sol, filme lindo. Chorei todas as vezes que ela canta A Waltz for a night. Acho que vou usar essa trilha no dia do meu casório com o Abdalinha, que está me oferecendo quatrocentos reais para que eu case. Amor igual a esse não encontrarei jamais.

Agora vou parar de falar sobre minhas intimidades nesse blog, alguém pode achar que estou querendo chamar atenção. Ah, tive um dèjá vu. Sabe aquele sentimento de repetição? Sim, vocês sabem. Ele tem cara de libanês, tem sotaque carioca, uma barriguinha saliente e adora brigar com as ciganas que o fazem de idiota. Abdala ainda bate nas minhas costas de cinco em cinco minutos, ainda quer conversar com os meus pais sobre o casório e pagar um churrasco no dia da festa.

Ele me chama de “repórter”. Se estiver andando na rua cabisbaixa e ele me encontra, trata logo de gritar _ “Oi Repórter”. Mesmo acompanhado da mulher, ele me chama de repórter. Na última semana, Abdala se encontrou com Mohamed, conterrâneo, cara de mulçumano, expressão bondosa do tipo que fala pouco. Fica rodeando o prédio, o quarteirão, as pessoas que moram e nós, eu também, pessoas que trabalham no prédio. Estão dizendo por aí que eles estão planejando um ataque terrorista em Cruzeiro, por isso meu amigo libanês e grande amor vende caixão, pra ter onde colocar suas vítimas. Meu caixão já está comprado, um presente do Abdala.

Só posso dizer que Abdala é um homem especial!