22.3.08

Como foder um mundo

por Cleyton Torres

"Remover Saddam Hussein do poder foi uma decisão correta. Esta é uma luta que a América pode e deve vencer. Os homens e mulheres que entraram no Iraque há cinco anos removeram um tirano, libertaram um país e resgataram inúmeras pessoas de horrores inomináveis", discursou o presidente americano, George W. Bush, na comemoração dos 5 anos da invasão americana no Iraque. Hoje, os iraquianos não querem mais do que tinham com Saddam no poder: apenas estabilização.

Após o 11 de setembro, o mundo pôde acompanhar a fantástica transformação do jornalismo mundial. Acompanhamos uma nova geração de conflitos entre países, onde termos como "terrorismo" e "armas de destruição em massa" se tornaram comuns. A guerra, agora, era vista por todo o planeta, no instante em que acontecia. Era a "guerra ao vivo".

Arrasar um país já falido era fácil. Os EUA não viram grandes dificuldades em abater o problemático Afeganistão, país que supostamente seria o berço atual do grupo terrorista Al Qaeda, do multimilionário e, é claro, terrorista, Osama Bin Laden. Então, onde entra o Iraque? Segundo Richard Clarke, ex-coordenador nacional para Segurança dos governos George Bush, Bill Clinton e George W. Bush, no seu livro Contra todos os inimigos, o Iraque não entra. Clarke colocou de forma clara que a invasão americana à nação soberana do Iraque nada tinha de guerra contra o terror. A questão, hoje evidente ao mundo, era puramente estratégia econômica e política. Mais econômica (petróleo) do que política.

Falava-se em 4 ou 5 semanas de guerra. Dia 20 de março completou o 5º ano da invasão. Afirmava-se que o custo total da guerra não passaria de 60 milhões de dólares. Já se fala em 600 milhões de dólares, 10 vezes o valor proposto. Entretanto, alguns estudiosos arriscam a cifra de 3 trilhões de dólares. O saldo de mortos também é monstruoso: 4 mil soldados e cerca de 800 mil a 1 milhão de civis.

É um novo Vietnã? Em hipótese alguma. Lá, os EUA souberam aceitar a derrota. No Iraque, a insistência de Bush tem causado à América um desgaste incalculável à sua imagem e, principalmente, ao verdadeiro poder bélico que ela possui. Bush quer continuar por tempo indeterminado a invasão. John McCain promete mais cem anos de invasão. Hillary que chegou a votar a favor da invasão, diz trazer as tropas após 60 dias de sua posse. Obama parece o mais contundente, diz que permanecerá no Iraque até o vencimento da guerra. Se ainda existir um a ser alcançado.

A China já é considerada por muitos especialistas a primeira potência mundial. Sobra aos EUA o poderio bélico. São 5 anos de conseqüentes derrotas em um país deformado, com uma infra-estrutura totalmente destruída e afundado em uma guerra civil.

Então, como sair do Iraque? De todas as hipóteses estudadas, as mais certas de não poderem acontecer são: os americanos não podem ficar por muito mais tempo, senão causarão uma desestabilização ainda maior; e os americanos não podem dar as costas ao país agora, seria uma derrota bélica, política e, principalmente, uma derrota moral da "democracia americana".

“Esta é uma luta que a América pode e deve vencer”, discursou o presidente americano, George W. Bush, na comemoração dos 5 anos da invasão americana no Iraque. Hoje, os iraquianos não querem mais do que tinham com Saddam no poder: apenas estabilização.

21.3.08

IG demite o petista Paulo Henrique Amorim

por Cleyton Torres

No final da tarde desta terça-feira, 18, o portal IG demitiu o franco-lulista Paulo Henrique Amorim, por motivos ainda muito contraditórios. Amorim afirma que por volta das 17 horas, foi informado, por fax, que o portal não renovaria seu contrato, que vence dia 31 de dezembro, por baixo índice de acesso e pouca rentabilidade comercial (anúncios). Ainda no fax, o IG citaria uma cláusula do contrato de Amorim que dava o direito do portal retirar do ar o site Conversa Afiada, dentro de um prazo de 60 dias que antecediam o fim do contrato.

No entanto, o jornalista, com o site em novo endereço, diz em nota de Esclarecimento II, que "não foi a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística. Só o Daniel Dantas me 'tirou do ar' duas vezes: na TV Cultura e no UOL."

Amorim afirma que sua saída estaria relacionada às críticas que fazia a Dantas, dono da Opportunity, empresa sócia minoritária da Brasil Telecom, que por sua vez é dona do portal IG. "Assim, se você acha que (...) Daniel Dantas deveria estar na cadeia; que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a "BrOi" sem botar um tusta; que a "BrOi" significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia (...) continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço", prossegue o jornalista. As faíscas são do fato da compra da Brasil Telecom pela Oi.

Mino Carta, editor da revista Carta Capital, prestou sua "solidariedade" retirando seu blog do ar, hospedado no mesmo portal. Leia a despedida de Mino: "Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada."

Outros meios, como a Agência Carta Maior, também se expressaram de maneira contrária à decisão do IG. "A Carta Maior expressa aqui sua solidariedade a Paulo Henrique Amorim e também a Mino Carta, pelo seu gesto de apoio e defesa da liberdade de expressão. Episódios como este mostram que o Brasil ainda precisa avançar muito na democratização dos meios de comunicação."

Nota: concordamos com eles.

Seu Brasil

por Janaina Cortez

É com muita satisfação que aceitei o convite para escrever neste blog, que leva o nome do dono do bar da faculdade, “Seu Brasil”, local onde ouvi muitas histórias, onde debatemos sobre muitos temas importantes e fúteis, filosofamos e, acima de tudo, nos divertimos com os fatos contados pelos amigos em volta de uma mesa.

Nos últimos meses, tenho vivido situações que mereciam ser contadas no bar do Seu Brasil, mas como sou uma jornalista recém formada, e o amigo Ton teve a excelente idéia de tornar o Seu Brasil um blog, ai vai a minha contribuição.

O telefone toca, há uma mulher do outro lado da linha, pedindo ajuda. Sua casa fica num dos pontos mais altos da cidade, mas isso não impediu que as fortes chuvas atrapalhassem sua vida.

Silvana tem 3 filhos, foi abandonada pelo marido e sobrevive com ajuda dos vizinhos. Como se não bastasse a vida difícil, as coisas se complicavam a cada dia. Nesse caso, posso afirmar que a Lei de Murfy definitivamente existe!

Silvana não mora numa encosta, sua casa não fica numa área de risco, então porque “raios” essa senhora pede ajuda? Ela falava e falava tanto ao telefone que estava ficando tonta. Queria saber logo o que estava acontecendo. “Diga dona Silvana, vamos direto ao ponto, podemos ajudar em quê?”.

Havia um buraco na rua, em frente a sua casa, que estava aumentando com as fortes chuvas dos últimos dias. Depois de um fim-de-semana chovendo sem parar, o buraco havia aumentado. “Já cabe um carro lá dentro, gostaria de pedir que vocês aí da Rádio Comunitária fizessem um apelo às autoridades para que viessem até meu bairro resolver o problema, tenho medo que daqui uns dias, nós moradores, não possamos mais sair na rua, se ela ainda existir”, diz ela.

"Sim dona Silvana, divulgaremos", e desliguei. Passei o recado para o locutor e me esqueci do assunto. Chegando em casa, depois de assistir fatos parecidos no noticiário, me lembrei de dona Silvana. Uma senhora educada (pelo menos foi educada comigo), simpática e extrovertida que, apesar de todos os problemas, até riu comigo ao telefone quando ironizava a situação.

No outro dia, cheguei na rádio bem cedo, não tinha muita coisa a ser feita, já que terça-feira na rádio é um dos dias mais sossegados. Em uma das conversas descontraídas, me lembrei de Silvana. Como será que ela está agora?

Sem querer bancar a boazinha, a Madre Tereza ou coisa e tal, esperei a hora de ir a campo (nenhum jornalista é jornalista de verdade se não levantar o traseiro da redação). Rodamos por quase uma hora e não encontramos nada, nem casa, nem buraco, absolutamente nada.

Perguntamos para as pessoas que passavam na rua e nos indicaram uma favela. Olhei para a outra jornalista que me acompanhava (Beatriz Ramos), que levantou as sobrancelhas, e disse: “Vamos lá Jana”.

Andamos mais alguns quilômetros e conseguimos chegar ao local. O bairro não tem pavimentação, a maior casa do lugar tem apenas 2 cômodos. A pobreza era evidente. Crianças descalças, com roupas rasgadas e sujas, brincavam na rua. Os adolescentes nos olhavam com receio, estavam desconfiados. Fiquei em estado catatônico de ver pessoas vivendo sem as mínimas condição de higiene, ali eram PESSOAS, irmãos que sobrevivem a cada dia em condições de extrema pobreza, esquecidos pelo poder público. Não posso deixar de dizer que me revoltei.

Enfim, achamos a casa. Demorei um pouco para entender como era a casa, onde ela estava no terreno. Só vi um monte de concreto e muito barro, muito mesmo. Falamos com os vizinhos que nos contaram que a casa desmoronou no final de semana, sábado de madrugada. Chovia muito no momento. Ninguém ficou ferido, mas o susto foi grande. Anda bem que dona Silvana saiu da casa durante a tarde, com muito medo do que pudesse acontecer algo. E aconteceu.

Essa história toda me revolta. Dona Silvana não tem para onde ir, perdeu o pouco que tinha, e agora o que podemos fazer por ela? Se alguém tivesse se preocupado em ir ao local, para resolver seu problema, aquela família não estaria morando de favor em casa de parentes, aquela família não teria abandonado a sua casa debaixo de chuva por medo de acontecer o pior, aquela família não demonstraria em seus olhos o sofrimento de uma vida miserável.

Trabalhar naquela rádio me fez refletir mais sobre as coisas e acima de tudo me fez ver que o mundo está pior do que eu imaginava, as pessoas estão piores. Como é possível deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüilamente sabendo que existem PESSOAS com fome, sem ter onde morar?

É triste dizer isso, mas esse é o Seu Brasil, o Nosso Brasil!

Páscoa: o que vem a ser e suas simbologias

por Marcos Cuba

Domingo (23) é páscoa. Esta é uma data de grande importância para o calendário cristão, porém a sociedade moderna tornou este momento numa oportunidade mercantilista. Parece que todo o sentido pascal, hoje em dia, é apenas o dia para comer ovos de chocolate. As crianças ficam com os olhos brilhando, mas muitas nem sabem o porquê estão ganhando os ovos que lambuzam seus lábios.

Em tempos remotos, o chocolate tinha um certo valor sagrado e era oferecido aos deuses, acreditava-se que ele era revigorante e somente as pessoas que eram “elevadas” o comiam.

A internet está ao alcance de muitas crianças atualmente, mas será que elas pesquisam, por si mesmas, qual o significado e as simbologias da páscoa ou usam a internet para ver os ovos gigantes que o mercado está lançando e que vão pedir para os pais?

Tive a oportunidade de conversar com algumas crianças de 2 a 10 anos e o que ouvi delas ao perguntar o que era a páscoa. A resposta foi unânime: é o dia que ganhamos ovos do coelhinho. Ao mesmo tempo que é mágico e poético ouvir isso da boca de uma criança, fico preocupado com os valores que eles estão tendo. O que estão recebendo? Que educação é essa onde se fala que páscoa é o dia de se ganhar ovos? Não estou levantando nenhuma bandeira religiosa, o que atento é para o sentido que as datas estão tendo numa sociedade consumista, onde até mesmo os sujeitos são produtos.

Ainda bem que em Pindamonhangaba, e acredito que em outros lugares também, há escolas que além de fazerem a brincadeira da caça aos ovos, informa aos estudantes o que é a Páscoa e quais são seus símbolos.

Por curiosidade, uma professora do ensino infantil contou-me que o coelho existe como símbolo da data porque é um animal que reproduz rapidamente, e a ressurreição representa vida nova, ou seja, como eles sempre procriam, sempre há vida nova. Está aí a relação coelho e páscoa, e os ovos é pelo mesmo sentido de representar a vida, mas não os de chocolate.

Ao contrário do que muitos pensam, a quaresma não é um prazo de 41 dias, e sim de 47 dias, e a páscoa é comemorada sempre num domingo após a primeira lua cheia da primavera (antigas decisões cristãs).

E para você, o que é a páscoa? Afinal, domingo (23) é o dia da ressurreição em 2008. É importante lembrar isto, pois as datas mudam ano a ano, e tudo foi calculado pelo calendário cristão. Qual o sentido e as simbologias desta data para você?

Quando a internet pode se tornar uma droga

por Fábio Santos

Dando continuidade ao artigo "
Fobia social e explosão digital: o que esta mistura pode gerar?", selecionei um vídeo que foi ao ar dia 19 de março, no Jornal da Globo. A temática abordada é sobre as necessidades das pessoas em procurar refúgio nos jogos eletrônicos e na internet. Assim, como qualquer outra droga, as novas tecnologias podem viciar e servir como ponte para o isolamento social.

Sim, existe este lado, mas as inovações estão aí para ajudar, muito mais do que para prejudicar. É como um remédio, que na dose certa traz a cura, e na dose não recomendada pode até mesmo matar.

20.3.08

Entrevista com Helder Luiz Prado



"O Google não vai dominar o mundo, ele já dominou o mundo!"


Entrevistamos Helder Luiz Prado, desenvolvedor de web da página de Satélite do CPTEC/INPE (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)


por Cleyton Carlos

Blog Seu Brasil - Falando como empresa e não como uma ferramenta, o que é o Google para você?

Helder Luiz Prado - É um fenômeno! O Google é um exemplo de como é rápido ascender em Internet, embora dê bastante trabalho. Os criadores do site tiveram uma idéia inédita e um sistema de busca eficiente o suficiente para ganhar espaço no mercado.

BSB - Não há mais espaço para o Yahoo nesse mercado?
HLP - Creio que o Yahoo está tentando se reinventar. Mas Internet é moda e hábito, se está na moda, como o Google ficou, cai nas graças do povo, se não, tem que cativar o público pelo hábito. A moda é rápida e, por vezes, passageira (alguém se lembra do 'Cadê?' hoje?), enquanto que o hábito faz com que o UOL seja o maior portal de Internet do Brasil na atualidade. O que quero dizer é: ou o Yahoo inventa moda, ou vai penar pra quebrar o hábito.

BSB - Alguns especialistas afirmam que, com a oferta de compra que a Microsoft fez ao Yahoo, é um sinal de que a gigante de Bill Gates está demosntrando fragilidade. O que você acha disso?
HLP - Concordo em parte. A Microsoft é a maior em software pra PC, e esse panorama não vai mudar tão cedo. Agora, na Internet, a Microsoft é um bebê. A única coisa que a Microsoft tem de popular nessa área é seu navegador (Internet Explorer) que, mesmo assim, vem perdendo mercado para o Mozilla Firefox. (Baixe o Firefox aqui no Mídia8!)

É natural que a Microsoft compre uma empresa que tenha o feeling que ela não tem, que é o desenvolvimento web. Se não der certo, pelo menos a Microsoft aumenta em alguns milhões seus ganhos. Se der certo, pode até chegar a rivalizar com a Google. É um mercado em franco crescimento, o que pode gerar muitos lucros futuros.

BSB - Falando em mercados em fraco crescimento, a AOL acaba de comprar o site de relacionamento Bebo, muito popular na Inglaterra, por 850 milhões de dólares. É uma tentativa de tentar ocupar o espaço que já possuiu um dia?
HLP - Uma tentativa desesperada, eu diria. A AOL anunciou há um tempo a suspensão dos serviços de acesso à Internet. A venda para a Time Warner não fez bem à empresa que, desde então, entrou em declínio. Se será positiva ou não, só o tempo dirá. Mas não vai resolver todos os problemas da AOL não.

BSB - Caso o Google lance aplicativos gratuitos, existiria ai uma derrubada da Microsoft?
HLP - Depende. O Linux é gratuito e, embora em rota crescente, está longe de desbancar o Windows. Aí, entra o hábito. E a comodidade. Windows é líder, porque qualquer um pode trabalhar nele sem se assustar com linhas de código malucas ou arquivos de configuração doidos. Além de quê, nem tudo funciona bem em Linux. Nada substituiu ainda o "next... next... finish" dos instaladores do Windows.

BSB - Especialistas afirmam que a diferença entre o Google e a Microsoft é que o primeiro possui uma ferramenta muito melhor do que os concorrentes têm, já a Microsoft não possui um sistema melhor do que a Apple, mas soube fazer uma difusão mais rápida do seu produto, dominando logo o mercado. Você concorda com isso?
HLP - A Microsoft nasceu de um sistema da Apple, o Lisa. Era a menina dos olhos da Apple, o primeiro Sistema Operacional gráfico da história. Mas foram caprichosos demais e Bill Gates lançou seu Windows primeiro.

Discordo de quem fala que o Windows não é o melhor, afinal, o melhor é sempre o que cativa mais o público, o que é mais fácil, nem sempre o que é mais seguro é mais fácil. Creio que ambas têm méritos por desenvolverem ferramentas únicas, que as concorrentes não conseguiram.

BSB - E por último a pergunta que não quer calar: o Google vai dominar o mundo?
HLP - O Google não vai dominar o mundo, ele já dominou o mundo! Google é o buscador mais acessado do mundo, é referência e até seus concorrentes reconhecem isso.

Fonte: Blog Mídia8!

19.3.08

Como funciona a corrupção

por Hugo Luz

Em uma eleição, os políticos devem convencer os eleitores de que são merecedores, por algum motivo, do voto. Esse talvez seja o início do processo democrático. E talvez seja também uma das maiores portas de entrada da corrupção.

Isso porque a população, não só do Brasil, mas de uma maneira geral, se corrompe. Um político para ser eleito, hoje, precisa de dinheiro. Eleger-se sem uma grande campanha, com palanque, distribuição de brindes, muros e mais muros pintados, uma boa assessoria de marketing, é privilégio de uma minoria extrema.

Aí entram os grandes financiadores de campanhas. Empresas que têm interesse em serem apoiadores de candidatos. Existem casos de empresas que financiam muitos ou até mesmo todos os candidatos em uma eleição majoritária, por exemplo.

E não adianta pensar que não. Maquiavel entra neste momento. Bem ou mal interpretado, entra. Uma pessoa que realmente tem boas intenções, idéias que irão trazer o progresso e até mesmo certa conduta ética, vê-se diante de um dilema: candidatar-se por suas próprias convicções e possibilidades e ter chances remotas de ganhar o pleito, fazendo uma campanha com parcos recursos, ou aceitar o apoio desses grandes investidores e buscar fazer algo para seu país, estado ou município. Se os fins justificam os meios...

Nesse momento ocorre a inversão que não poderia ou não deveria acontecer: o candidato eleito deixa de ser o representante dos interesses coletivos, do povo, do bem da instituição pública, para representar interesses privados, seletos, específicos. Se não os seus, como no caso de políticos que usam e abusam do nepotismo, os daqueles que ajudaram a elegê-lo e que, sem dúvida, vão voltar para cobrar a fatura.

E não pense que isso é escondido, camuflado, visto como algo que não pode ser exposto. No Congresso Nacional existem as chamadas “bancadas”. A bancada pecuarista, a bancada das armas, a bancada da fé... Nada é de graça nesta vida, ainda mais na política.

De acordo com recente estudo da ONU, há subornos, jeitinhos, propinas que fazem circular mais de 1 trilhão de dólares todos os anos no mundo. Isso mesmo, um trilhão de dólares todo ano. É por isso que eu digo, repito e copio Frei Beto ao dizer que “só a participação popular é capaz de legitimar a democracia”. Os políticos são corruptos? São, mas porque há alguém que os corrompe. E digo mais, a população também é.

Law Kin Chong foi posto em liberdade recentemente. Um absurdo. Um dos maiores contrabandistas do mundo, todos sabem como ele é desonesto, e como deveria estar atrás das grades. Mas aposto que se a população não comprasse mercadoria contrabandeada, ele não seria o que é.

São algumas questões que acho importante que sejam faladas, ouvidas e que se reflita nelas. Quem sabe mudamos nossa realidade.

18.3.08

Essa é a nossa China

por Cleyton Carlos

Essa é a nossa China que não para de crescer. Essa é a nossa China que tem o Produto Interno Bruto na casa dos dois dígitos anuais. Essa é a nossa China, grande emergente asiático, que promete destruir o império americano.

A China, a grande "zebra" do mundo, é isso. A China, potência avassaladora de economias tradicionais, é isso. É o país que tem os maiores índices de penas de morte. É o país que demonstra um monstruoso não respeito pelos direitos humanos. É o terceiro maior comprador de madeira brasileira, e um dos maiores poluidores do planeta.

A China é o país mais comunista com economia de traços capitalistas. Lá a informação é estritamente controlada. O Google é controlado. A CNN e outras emissoras internacionais são controladas. Um chinês jamais pode ter acesso ao que realmente acontece no mundo.

O governo chinês isolou o Tibete do mundo. Tropas do exército circulam por todas as ruas. Foi imposto o toque de recolher, ninguém pode sair de casa. Algumas organizações falam em centenas de mortos. Dalai Lama, líder budista, geme e pede para a ONU intervir com uma aliança nacional. Várias embaixadas chinesas pelo mundo todo foram alvos de protestos, passeatas e pixação.

Essa é a nossa China, país apontado como futura potência mundial. Muitos economistas ironizam: "ensine mandarim aos seus filhos". É essa a China que queremos seguir. A China não está pronta para o mundo. E o mundo ainda não está pronto para abraçar um país que cresce economicamente, mas que afunda em um abismo incontrolável de censura e repressão.

Pergunte para um chinês quanto é o seu salário. Ele responderá que hoje foi "x", ontem "x-5" e amanhã, depois das 18 horas médias de trabalho, seja "x+3". Essa é a nossa China que cresce de forma incontrolável. Essa é a nossa China, que gritamos com ansiedade "Pequim 2008". Graças ao Tibete, podemos ter uma nova chance para analisarmos para onde o mundo caminha. E o que vamos fazer quando o império americano terminar de se diluir.

Programa Escola da Família: algumas considerações

por Vanessa Espíndola

Há aproximadamente 5 anos, o Governo do Estado de São Paulo, colocou em prática, nas escolas estaduais, o Programa Escola da Família, uma inciativa que propõe a diminuição da violência nas periferias e bolsas de estudo para jovens universitários que prestarem serviços nas escolas durante os fins-de-semana.

Durante a faculdade, passei três anos e seis meses participando deste programa como universitária e bolsista. Confesso que foi uma ajuda e tanto, uma vez que, uma bolsa de estudos é sempre bem vinda. Passei por escolas como EE Mário da Silva Pinto, em Cruzeiro, e em escolas de Lorena como E.E. Francisco Marques, Parque das Rodovias, E.E. Professor Joaquim Ferreira Pedro, Santo Antônio, E.E. Padre Carlos Leôncio, centro e EMEF Climério Galvão César, Olaria.

As críticas ao Programa Escola da Família são muitas, entre elas a que acredito ser a mais importante: falta de capacitação da mão de obra. O universitário entra sem noção do que terá que fazer, aí encontramos escolas que vivem às moscas, sem projetos. Fora o fato de ser uma medida paliativa que, muitas vezes, ao invés de qualificar o Ensino Superior, contribui para o ingresso de estudante sem preparação em universidades e no próprio projeto. Se por um lado, ajuda o jovem a concluir a graduação, por outro, desloca nossa atenção das necessidades do Ensino Médio e o baixo número de vagas nas faculdades públicas.

Mas o fato é que este Programa me ajudou muito e não falo apenas da bolsa que tive para que pudesse concluir o sonho de fazer jornalismo, mas também das experiências maravilhosas que tive. Conheci pessoas de todos os tipos, passei por poucas e boas, e realmente me apaixonei pela força de vontade de alguns jovens voluntários que conheci.

O Programa Escola da Família tem suas deficiências, o que não quer dizer que seja ruim, pelo contrário, com ajuda de profissionais competentes, o projeto pode sim ir em frente e gerar grandes resultados. O que não pode acontecer é nos distrairmos com as medidas paliativas, principalmente quando direcionadas à Educação, um dos pontos mais importantes para o crescimento de um país.

Quanto custa, Dr. Espertalhão?

por Marcos Cuba

É certo que, com a evolução da internet e as ferramentas que ela nos disponibiliza, muitas pessoas estejam fazendo um curso superior à distância. Isto é uma realidade brasileira, mas já ouviram falar em comprar diploma pela internet?

Parece estranha essa informação, mas é fato. Para acabar com esta “palhaçada”, a Polícia Federal fez a operação ‘Cola’ nesta sexta-feira (14), e prendeu um suspeito de liderar o esquema da venda de diplomas universitários via web. Ele é Thiago Francisco Vieira Pereira, tem 21 anos e cobrava em média R$ 1.800 pelos diplomas.

O que pagamos numa faculdade é o nosso estudo. Desenvolvemos técnicas e práticas acadêmicas para sermos bons profissionais no mercado e sobreviver nesta sociedade, que alguns sociólogos a denominaram “mundo cão”. Então, o que pensar deste tipo de pessoa que produz diploma? Mas o pior ainda é quem os compra.

Um curso superior não sai por menos de R$ 20.000,00, afinal além das mensalidades, existem outros gastos universitários. Um grande exemplo é o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) que deve ser desenvolvido para sim obtermos o nosso diploma verdadeiro.

A título de curiosidade, as faculdades de Cruzeiro, Guaratinguetá e Lorena não podem mais cobrar pelo diploma, pois foi aprovada em Brasília a lei que desobriga os estudantes a pagarem pelo documento que certifica o período e a qualificação que obteve.

Esse mercado de venda de diplomas é um comércio muito perigoso, afinal há casos de falsos médicos. Imaginem se pela infelicidade e acaso do destino a gente acaba sendo medicado por um falsário. Essa realidade não é tão distante de nós, há pouco tempo pudemos acompanhar o caso de uma falsa médica aqui na região.

17.3.08

Um Libanês em minha vida

por Beatriz Ramos

Finalmente na vida conturbada e agitada dos novatos à proletariados. Tudo bom pra vocês também. Como pessoa educada que me tornei devo agradecer, dizer obrigada e outras palavras sociais. Mas não é sobre isso que eu quero falar nesse blog diagramado pelo “Mal – Humorado” Ton da Silva.

Agora de volta ao meu quarto, em frente ao computador, posso refletir melhor sobre esses dias de começo de trabalho. Dias acordando cedo, cedo demais pra falar a verdade. Meu sono que nunca foi constante se tornou menos constante, pareço aquelas senhoras velhas que dormem picado, várias vezes ao dia. Diferente delas minha pele ainda não se tornou enrugada e nem com cheiro estranho. Se vocês não sabem, como os bebês, os jovens de setenta e oitenta anos também são privilegiados pelo seu cheiro próprio. Nós, seres intermediários, da faixa dos vinte não temos cheiro próprio, deve ser a andança, o contato com outras pessoas. Não sei ao certo, é cada coisa que passa por nossa cabeça.

Acabei de lembrar do assunto que me veio até aqui, foi por causa da música que estou ouvindo. É um rock de uma banda conhecida, não vou falar o nome da banda, tentem adivinhar. Conheci essa semana um homem. De apenas sobrenome, meu novo amigo libanês Abdala. Ele tem um primeiro nome, mas como velha que sou não vou lembrar agora. Esse meu amigo é estranho, mas me faz rir. Me dá medo, por que um dos seus mil trabalhos é cuidar de defunto. Ele vai para o IML (Instituto Médico Legal), e fica lá cheirando os mortos. Fez uma oferta indispensável de um caixão novinho por apenas, R$ 2.000,00 reais pra mim, sem contar que disse que me pagaria cem reais para eu pular da sacada do prédio de onde eu trabalho, junto de Jana Cortez. Amiga de faculdade também.

Ela me encoraja dizendo que os gritos que ele dá, chamando “Deus”, no escritório onde tem um negócio de lixo hospitalar, que fica perto de onde trabalhamos, é pra chamar minha atenção. E os tapinhas que dá nas minhas costas, também são pra chamar minha atenção. Sem contar os trezentos apertos de mão que me dá apenas na parte da manhã e as olhadelas espetaculares de canto de olho para mim. Tudo pra chamar minha atenção. Antes de vir escrever esse texto, eu e Jana tivemos uma reunião com o chefe. Meu amigo libanês sem primeiro nome, estava lá... Ele dorme no seu escritório porque odeia vizinho. Como posso não gostar de um homem assim? Tão sincero e com tanto amor para dar. Aquela música que estava ouvindo quando comecei a escrever esse texto está sendo repetida pela terceira vez, daqui a pouco vou ter que ouvir outra coisa por que definitivamente já me cansei.

O Abdala gostou de mim e disse que rio muito. Claro, sou feliz, fazer o que. Tenho imã pra gente estranha, não sei como tirar isso de mim. Mas o importante é a experiência que tenho quando conheço seres como o amigo Abdala, que de tão estranho chega a ser familiar. Ele tem uma mulher, mas vivem em casas separadas. Eles se odeiam. Ele tem dois carros, um Mitsubishi, mas prefere seu Santana. É um homem ocupado, que além de vender caixão fica oferecendo aparelhos celulares da Nextel pra quem encontra na rua.

Depois de tanta coisa acontecendo nessa primeira semana de trabalho, a única coisa que me lembro é do meu amigo libanês Abdala. Esqueci de contar, ele chama “Deus” em voz alta por que segundo as más línguas, ele é crente. Estou rindo agora, não consigo mais escrever, preciso parar agora. A velha aqui está ficando com dor na barriga de tanto rir, por lembrar do Abdala. O sinistro e sincero Abdala. O carpideiro e papa defunto. Agora vou dormir, está ficando tarde, amanhã acordo cedo.... Agora sou uma proletariada. Boa noite pra vocês também.

16.3.08

Fobia social e explosão digital: o que esta mistura pode gerar?

por Fábio Santos

Em minha primeira publicação aqui no Blog "Seu Brasil" gostaria de abordar um tema recorrente, levantado pela nossa colega Vanessa Espíndola. Vou falar das novas tecnologias e da internet 2.0, mas sobre outro ângulo, que também deve ser levado em consideração na análise desta mudança tão importante que atravessamos.

Para os que ainda não me conhecem, sou um profundo defensor dos avanços provocados pela digitalização dos veículos e das facilidades que este processo oferece para todos nós. Nós, adultos, que vivemos a transição do analógico para o digital, reconhecemos quanta coisa mudou e nos acostumamos com novos hábitos, como, por exemplo, o conectividade interpessoal provocada pela internet.

Mas o que quero colocar em discussão é a participação das crianças neste processo. Como será o comportamento de nossos filhos sendo criados à luz de tanta tecnologia? Estudiosos criticavam quando crianças passavam a ter a televisão como "babá", mas este foi apenas o começo desta evolução tecnocêntrica.

A banalização da vida humana e o aumento da violência urbana fez com que as pessoas passassem mais tempo dentro de casa e diminuíssem os laços afetivos com a sociedade em sua volta. Hoje as pessoas não ficam mais nas calçadas conversando com seus vizinhos, quando muito sabem o nome da pessoa que mora ao lado. O ritmo frenético encontrado nas grandes cidades acaba por ilhar os indivíduos em pequenos círculos sociais, mas a internet instiga estes mesmos seres a procurarem novos laços no mundo virtual, em especial nas comunidades de relacionamento.

Quantas pessoas do seu Orkut você realmente conhece? E desta pessoas, com quantas você tem contato? Quais são realmente importante para você? Claro que não deixamos de construir nossos laços de amizade, mas os números grandiosos de amigos e fãs virtuais, acabam deturpando os números que realmente importam: os reais.

Aliando a fobia social das grandes metrópoles e a "febre" gerada pelo relacionamento virtual, nos deparamos com um cenário propício para a formação de pessoas com dificuldade nos relacionamentos interpessoais. Esse cenário já pode ser notado com maior clareza entre as crianças e adolescentes do Japão, que desenvolveram síndromes relacionadas à fobia social.

Responda sinceramente: você deixa seu filho brincar na rua? Sair com os amigos? Descobrir melhor o mundo exterior? Ou tem receio pelo o que pode acontecer com ele, alarmado pelas notícias de violência que vê diariamente na televisão?!

Durante um tempo, as mães discutiam com os filhos que queriam sair com os amigos, mas aos poucos as crianças deixaram de se interessar pelo mundo exterior e navegaram de vez na solidão das madrugadas na frente do computador.

Não cabe a mim demonizar os avanços tecnológicos, estou longe disso, mas quero colocar um ponto de interrogação quando o assunto se resume à formação de nossos filhos. Pais ocupados demais com o trabalho e que compensam a ausência com presentes como Ipods, Playstations, Notebooks e celulares são figuras centrais das famílias "pós-modernas".

O desenvolvimento da personalidade de uma criança deve ser amparado por elementos que contam com o convívio social, a educação pelo esporte, o incentivo à leitura e, é claro, a integração tecnológica com o mundo globalizado.

A internet 2.0 está aí, sim, mas não podemos deixar de lado os momentos compartilhados no mundo real, como os momentos que passamos durante quatro anos no Bar do Seu Brasil, momentos que inspiraram a criação deste endereço. Estas experiências fizeram com que os integrantes deste blog compartilhassem momentos bem humanos, com alegrias, tristezas, frustrações, e até violência urbana, como nossos amigos Cleyton e Vanessa, vítimas de assaltos pelos arredores de um dos locais mais movimentados de Lorena.

O mundo é do jeito que é, nós podemos mudá-los sim, mas o que não podemos é virarmos reféns deste pânico social e utilizar as tecnologias como refúgio. Em se tratando de refúgio, ainda prefiro o velho local de encontros, batizado de "Refúgio", mas conhecido popularmente como bar do Seu Brasil.