21.3.08

IG demite o petista Paulo Henrique Amorim

por Cleyton Torres

No final da tarde desta terça-feira, 18, o portal IG demitiu o franco-lulista Paulo Henrique Amorim, por motivos ainda muito contraditórios. Amorim afirma que por volta das 17 horas, foi informado, por fax, que o portal não renovaria seu contrato, que vence dia 31 de dezembro, por baixo índice de acesso e pouca rentabilidade comercial (anúncios). Ainda no fax, o IG citaria uma cláusula do contrato de Amorim que dava o direito do portal retirar do ar o site Conversa Afiada, dentro de um prazo de 60 dias que antecediam o fim do contrato.

No entanto, o jornalista, com o site em novo endereço, diz em nota de Esclarecimento II, que "não foi a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística. Só o Daniel Dantas me 'tirou do ar' duas vezes: na TV Cultura e no UOL."

Amorim afirma que sua saída estaria relacionada às críticas que fazia a Dantas, dono da Opportunity, empresa sócia minoritária da Brasil Telecom, que por sua vez é dona do portal IG. "Assim, se você acha que (...) Daniel Dantas deveria estar na cadeia; que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a "BrOi" sem botar um tusta; que a "BrOi" significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia (...) continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço", prossegue o jornalista. As faíscas são do fato da compra da Brasil Telecom pela Oi.

Mino Carta, editor da revista Carta Capital, prestou sua "solidariedade" retirando seu blog do ar, hospedado no mesmo portal. Leia a despedida de Mino: "Meu blog no iG acaba com este post. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim por razões que transcendem a nossa amizade de 41 anos. O abrupto rompimento do contrato que ligava o jornalista ao portal ecoa situações inaceitáveis que tanto Paulo Henrique quanto eu conhecemos de sobejo, de sorte a lhes entender os motivos em um piscar de olhos. Não me permitirei conjecturas em relação ao poder mais alto que se alevanta e exige o afastamento. O leque das possibilidades não é, porém, muito amplo. Basta averiguar quais foram os alvos das críticas negativas de Paulo Henrique neste tempo de Conversa Afiada."

Outros meios, como a Agência Carta Maior, também se expressaram de maneira contrária à decisão do IG. "A Carta Maior expressa aqui sua solidariedade a Paulo Henrique Amorim e também a Mino Carta, pelo seu gesto de apoio e defesa da liberdade de expressão. Episódios como este mostram que o Brasil ainda precisa avançar muito na democratização dos meios de comunicação."

Nota: concordamos com eles.

3 comentários:

Hugo Nogueira Luz disse...

Vejo muitas semelhanças entre este caso do Paulo Henrique Amorin e o caso da demição, ou não renovação de contrato, do Jornalista Franklin Martins, da Rede Globo de Televisão. Acho complicado quando você, Ton, coloca que Amorim é "petista" no título de seu artigo. Eu acompanhava o Blog do jornalista no Portal IG e tenho consciência de que Paulo Henrique saia em defesa do governo Lula em muitos momentos, contrariando o que era veiculado na grande mídia, ou PIG, como ele mesmo dizia. Mas creio que seja perigoso fazer um julgamento de valores como este. Até porque, assim como no caso de Franklin Martins, Amorim expressava opiniões, exercícia o chamado jornalismo opinativo, claramente declarado e explícito.
Louvo atitudes como as de Mino Carta e da agência Carta Maior, que assim como Paulo Henrique buscam exercer um jornalismo distante daquilo tudo o que disseminado pela maioria dos meios de comunicação de massa predominantes no país, buscando mostrar um outro lado, que nem sempre é visto ou pelo menos divulgado. Solidarizo-me com Paulo Henrique Amorim, que não é um petista declarado, mas que buscava fazer analises realistas, tanto ao elogiar quanto ao criticar o Governo Federal.

Anônimo disse...

Não o julguei, apenas o provoquei.

Concordo com Mino Carta e a Agência Carta Maior. E mais, concordo com PHA, como na última linha, onde coloco: "nota: concordamos com eles".

Anônimo disse...

É minha gente parece que a lei do Lula não deu em nada né, cadê a liberdade de imprensa?