22.3.08

Como foder um mundo

por Cleyton Torres

"Remover Saddam Hussein do poder foi uma decisão correta. Esta é uma luta que a América pode e deve vencer. Os homens e mulheres que entraram no Iraque há cinco anos removeram um tirano, libertaram um país e resgataram inúmeras pessoas de horrores inomináveis", discursou o presidente americano, George W. Bush, na comemoração dos 5 anos da invasão americana no Iraque. Hoje, os iraquianos não querem mais do que tinham com Saddam no poder: apenas estabilização.

Após o 11 de setembro, o mundo pôde acompanhar a fantástica transformação do jornalismo mundial. Acompanhamos uma nova geração de conflitos entre países, onde termos como "terrorismo" e "armas de destruição em massa" se tornaram comuns. A guerra, agora, era vista por todo o planeta, no instante em que acontecia. Era a "guerra ao vivo".

Arrasar um país já falido era fácil. Os EUA não viram grandes dificuldades em abater o problemático Afeganistão, país que supostamente seria o berço atual do grupo terrorista Al Qaeda, do multimilionário e, é claro, terrorista, Osama Bin Laden. Então, onde entra o Iraque? Segundo Richard Clarke, ex-coordenador nacional para Segurança dos governos George Bush, Bill Clinton e George W. Bush, no seu livro Contra todos os inimigos, o Iraque não entra. Clarke colocou de forma clara que a invasão americana à nação soberana do Iraque nada tinha de guerra contra o terror. A questão, hoje evidente ao mundo, era puramente estratégia econômica e política. Mais econômica (petróleo) do que política.

Falava-se em 4 ou 5 semanas de guerra. Dia 20 de março completou o 5º ano da invasão. Afirmava-se que o custo total da guerra não passaria de 60 milhões de dólares. Já se fala em 600 milhões de dólares, 10 vezes o valor proposto. Entretanto, alguns estudiosos arriscam a cifra de 3 trilhões de dólares. O saldo de mortos também é monstruoso: 4 mil soldados e cerca de 800 mil a 1 milhão de civis.

É um novo Vietnã? Em hipótese alguma. Lá, os EUA souberam aceitar a derrota. No Iraque, a insistência de Bush tem causado à América um desgaste incalculável à sua imagem e, principalmente, ao verdadeiro poder bélico que ela possui. Bush quer continuar por tempo indeterminado a invasão. John McCain promete mais cem anos de invasão. Hillary que chegou a votar a favor da invasão, diz trazer as tropas após 60 dias de sua posse. Obama parece o mais contundente, diz que permanecerá no Iraque até o vencimento da guerra. Se ainda existir um a ser alcançado.

A China já é considerada por muitos especialistas a primeira potência mundial. Sobra aos EUA o poderio bélico. São 5 anos de conseqüentes derrotas em um país deformado, com uma infra-estrutura totalmente destruída e afundado em uma guerra civil.

Então, como sair do Iraque? De todas as hipóteses estudadas, as mais certas de não poderem acontecer são: os americanos não podem ficar por muito mais tempo, senão causarão uma desestabilização ainda maior; e os americanos não podem dar as costas ao país agora, seria uma derrota bélica, política e, principalmente, uma derrota moral da "democracia americana".

“Esta é uma luta que a América pode e deve vencer”, discursou o presidente americano, George W. Bush, na comemoração dos 5 anos da invasão americana no Iraque. Hoje, os iraquianos não querem mais do que tinham com Saddam no poder: apenas estabilização.

1 comentários:

Anônimo disse...

Fico indignado!
É assim que inicio o comentário para tratar de um assunto tão polêmico. Essa invasão ainda é muito maqueada. Penso que é preciso utilizarmos muito sabão para pelo menos compreendermos o motivo de tanta "maldade". Gostaria de conhecer estes lugares e esmiuçar a história de todo conflito.