Em uma eleição, os políticos devem convencer os eleitores de que são merecedores, por algum motivo, do voto. Esse talvez seja o início do processo democrático. E talvez seja também uma das maiores portas de entrada da corrupção.
Isso porque a população, não só do Brasil, mas de uma maneira geral, se corrompe. Um político para ser eleito, hoje, precisa de dinheiro. Eleger-se sem uma grande campanha, com palanque, distribuição de brindes, muros e mais muros pintados, uma boa assessoria de marketing, é privilégio de uma minoria extrema.
Aí entram os grandes financiadores de campanhas. Empresas que têm interesse em serem apoiadores de candidatos. Existem casos de empresas que financiam muitos ou até mesmo todos os candidatos em uma eleição majoritária, por exemplo.
E não adianta pensar que não. Maquiavel entra neste momento. Bem ou mal interpretado, entra. Uma pessoa que realmente tem boas intenções, idéias que irão trazer o progresso e até mesmo certa conduta ética, vê-se diante de um dilema: candidatar-se por suas próprias convicções e possibilidades e ter chances remotas de ganhar o pleito, fazendo uma campanha com parcos recursos, ou aceitar o apoio desses grandes investidores e buscar fazer algo para seu país, estado ou município. Se os fins justificam os meios...
Nesse momento ocorre a inversão que não poderia ou não deveria acontecer: o candidato eleito deixa de ser o representante dos interesses coletivos, do povo, do bem da instituição pública, para representar interesses privados, seletos, específicos. Se não os seus, como no caso de políticos que usam e abusam do nepotismo, os daqueles que ajudaram a elegê-lo e que, sem dúvida, vão voltar para cobrar a fatura.
E não pense que isso é escondido, camuflado, visto como algo que não pode ser exposto. No Congresso Nacional existem as chamadas “bancadas”. A bancada pecuarista, a bancada das armas, a bancada da fé... Nada é de graça nesta vida, ainda mais na política.
De acordo com recente estudo da ONU, há subornos, jeitinhos, propinas que fazem circular mais de 1 trilhão de dólares todos os anos no mundo. Isso mesmo, um trilhão de dólares todo ano. É por isso que eu digo, repito e copio Frei Beto ao dizer que “só a participação popular é capaz de legitimar a democracia”. Os políticos são corruptos? São, mas porque há alguém que os corrompe. E digo mais, a população também é.
Law Kin Chong foi posto em liberdade recentemente. Um absurdo. Um dos maiores contrabandistas do mundo, todos sabem como ele é desonesto, e como deveria estar atrás das grades. Mas aposto que se a população não comprasse mercadoria contrabandeada, ele não seria o que é.
São algumas questões que acho importante que sejam faladas, ouvidas e que se reflita nelas. Quem sabe mudamos nossa realidade.
5 comentários:
Concordo com você Hugo Luz, precisamos mudar alguns traços culturais enraizados neste país. O famoso "jeitinho brasileiro" nada mais é do que a oportunidade de se tirar vantagem sobre o outro, seja de que maneira for. Este país precisa aprender a viver sob os olhos da ética e da moral, pois estas palavras, que são utilizadas diariamente nas comissões do Senado e Câmara, foram tão mal empregadas que perderam seu verdadeiro significado.
O fato é que o povo Brasileiro gosta de tirar vantagem, mas sempre tem alguém tentando tirar vantagem sobre ele. É um jogo de cão e gato... Sempre digo e volto a repetir, quem faz o país é o seu povo e o nosso (ainda) está mais preocupado com carnaval e copa do mundo do que com eleição, horário político e, pelo amor de DEUS, EDUCAÇÃO!
"Nada é de graça nesta vida..." Espero que essa disponibilidade de cada um de vocês, em suprir o blog, tenha uma recompensa: "um questionamento em cada leitor". Assim o papel de jornalista estará bem desempenhado. Enquanto comunicadores, não precisamos oferecer respostas, mas, sim, questionamentos. Valeu pela iniciativa. Aproveito para deixar um grande abraço aos ex-alunos - e hoje, amigos -, Bia, Ton, Hugo, Fábio, Janaína, Marcos Cuba, Polyana e Vanessa, e ao Amigo e companheiro de ensino Prof. Msc Marcos Bonito. Que esse espírito de transformação esteja sempre presente nos nossos jovens. E vocês já estão contribuindo com isso. Parabéns...
A má fama do jeitinho
Estamos acostumados a ouvir a seguinte frase: "para tudo na vida dá se um jeito, a não ser para morte", e que jeitinho é esse hein minha gente. Quando falamos em corrupção eu me lembro de uma aula de sociologia que tive no primeiro ano de faculdade, isso já faz quatro anos, mesmo assim está fresca em minha memória o momento em que a professora disse que a corrupção começa em casa. Acho que talvez o Hugo se lembre disso.
Culpar alguém não seria a melhor forma de nos livrarmos das culpas e vergonhas. Há pessoas que são eleitas num partido e depois trocam,e nada acontece. É fato que existem alguns grupos que se organizaram tanto e com isso elegem os seus candidatos que lá no congresso serão essas bancadas, daqui a pouco terá a bancada do Crime Organizado.
Até para arrumar emprego é preciso ter um conhecido para dar um jeitinho, que sociedade é essa em que tudo baseia-se em jeitinhos e não capacidade e qualificação. Assim que soubermos de algo é preciso divulgar o mais rápido possível para evitar que tentem dar um jeitinho de colocarem panos quentes.
Como dizem por aí, é a vida, é bonita e é bonita!!!
A política como um jogo democrático abraça gregos e troianos. Acredito que o agente público deve pautar sua vida na honestidade, mas como? Eu, você e até o Paulo Francis no além se pergunta, se ela é uma raridade única em devaneios coletivos onde o bem comum é o próprio!
Temos exemplos em nossas cidades de pessoas que vendem a ilusão de paladinos!!! A corrupção é um mal que de tanto comum, passa a ser rotineira e isso, é o primeiro passo para a banalização do processo que é único!
ROUBAR VALE A PENA? - As leis das probabilidades, em última análise, são as que regem a “sociedade de lobos”. Explodiu um avião com 80 passageiros a bordo. Antes desse fatídico, 50.000 pessoas foram aerotransportadas sem que nada acontecesse. Como a margem de êxito é sobejamente superior à das tragédias, então, vale a pena voar de aeronave.
-Agentes públicos indiciados por corrupção - pouquíssimos tem seus bens confiscados.......
-É de apenas 15% os aventureiros clandestinos que viajam à Guiana Francesa, que são extraditados pelo serviço de imigração, ou que contraem malária ou são assassinados. Logo, compensa arriscar a busca pelo ouro naquele país.
-Nos assaltos, onde há as polícias mais eficientes, somente 10% dos meliantes são flagrados ou presos depois.
Os desonestos e arrivistas não precisam raciocinar para descobrirem que: do poder econômico é que emanam os demais poderes. Uma vez locupletados, não importando a forma como foram adquiridas suas posses, eles sabem que podem comprar as autoridades, cujas missões seriam de reprimir e julgar os delinquentes. Atualmente, todos os valores se incorporaram ao valor econômico. o próprio inconsciente coletivo já consagrou safado como sinônimo de inteligente, e honesto sinônimo de otário. As preferências se dão de modo manisfesto ou disfarçado: ao saber que um elemento vive de ilicitudes, ele vira alvo de cortejo de negociadores, obsediantes, garotas (inclusive, incentivadas pelos familiares dela) etc.
-No serviço público ou privado, voltados para a prestação de atendimento em massa, quase sempre, verifica-se uma diferença patrimonial enorme entre os empregados da linha meio (retaguarda) e os da linha fim (da vanguarda): aqueles servidores que detem o poder de decidir, deliberar, conceder, despachar, homologar, anistiar etc. Se de um lado do balcão há um cliente sedento de facilitação; da parte de dentro, existe alguém com o poder de descomplicar. Daí nascem as figuras: corruptor/corrupto.
* A indução pela competitividade – hoje tudo é muito disputado; a escassez de oportunidades leva as pessoas a estocarem e acumularem o máximo que puderem a todo custo. O amanhã, a cada dia, é prenunciado com mais incertezas e inseguranças. “Meus descendentes carecem de uma base de prosperidade....... Na minha velhice, eu preciso pagar para ser tolerado, e isso depende de grana.......”
-Uma coisa puxa a outra – os produtos de consumo modernos, por necessidade ou vaidade, vem surgindo como uma fonte de acessórios agregados: o televisor pede uma antena parabólica, esta pede uma assinatura sky etc., constituindo uma rede de consumismo progressivo e interdependente.
-Ademais, TRABALHO ASSALARIADO, já é repugnante pela própria nomenclatura. O vocábulo TRABALHO, Tripalium (três paus, em latim) era um instrumento de TORTURA no Império Romano. O termo, SALÁRIO, também de origem latina, era a cota de SAL que cada soldado romano levava para o front de batalha. Existe tortura mais salgada do que trabalhar?
Postar um comentário