19.5.08

Um Brasil norte-americano


por Ton Torres

É correto afirmar que o estrangeirismo, principalmente o de origem norte-americana, já ultrapassa certos limites do que seria uma utilização moderada, chegando até mesmo a ser desnecessário e incorreto o seu emprego em alguns pontos.

Contudo, proibir o uso de termos da língua inglesa não é o caminho adequado para uma não descaracterização da cultura vivida na terra-brasilis.

Se a história nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre o outro se dá pela imposição da língua e dos costumes, nós devemos nos considerar há muito tempo totalmente dominados. Pois se vamos proibir o uso exagerado do estrangeirismo, devemos, então, proibir a própria rede mundial de computadores, a internet. Não só a internet, mas os próprios computadores, assim como roupas, músicas e tudo o que se origina da cultura ianque.

O mundo gira em torno da cultura norte-americana, é impossível – para não pronunciar ridículo – querer vetar a importação de traços americanos.

Vivemos em um mundo globalizado, pós-moderno, um mundo integrado e sem barreiras geográficas. Não precisamos sufocar a cultura brasileira, pois essa jamais se apagará, mas não devemos nos preocupar supondo que um idioma estrangeiro irá suprimir a cultura nacional.

Ademais, é evidente, por exemplo, que um comerciante que possui um empreendimento no ramo de “fast-food” não irá produzir os mesmo índices de faturamento se a rede passar a se chamar “comida rápida”. Nessa caso, não podemos nem considerar o termo “fast-food” um estrangeirismo, pois já foi absorvido no linguajar do dia-a-dia, sendo um produto tão comum quanto dizer self-service, pastel, hobbie, chocolate, disk, entre outras.

Nenhum dos temos citamos acima, em nenhum momento da história, projetou ameaças à nossa cultura ou a imagem brasileira. Ao invés de proibir a utilização de termos da língua inglesa, poderíamos, talvez, fazer primeiro que os brasileiros criem em si mesmo um mínimo de amor pelo próprio país, pois isso sim é uma inveja que devemos ter dos norte-americanos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito Ton. Acho que a introdução de palavras estrangeiras faz parte do contexto no qual o país está inserido, mas o que mais me assusta é o fato do brasileiro não saber falar , ao menos, o português.

Acredito que o estrangeirismo e o "internetês" não prejudique nosso idioma, desde que os nossos nativos tenham domínio sobre ele.

Anônimo disse...

O pior de tudo é quando a gente passa em frente algum estabelecimento e lemos a seguinte frase "Petiscos & Beer", essa mistura é ridícula, e infelizmente vemos muitas coisas deste tipo.
Nada contra a cultura, porém tudo contra essa mistura que não cai bem. Ótimo texto Ton.