2.4.08

Comentário

por Filipe Chicarino
Participação Especial

Homem extraordinário pelos feitos guerreiros, valor ou magnanimidade. Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa, esse é o verdadeiro significado da palavra herói.

Bem, já descobrimos o que vem a ser herói, mas o que dizer do apresentador do reality show Big Brother Brasil o renomado jornalista Pedro Bial, que saúda todos os dias os participantes do programa em todas as edições, com o chavão mais que maçante, “E agora vamos falar com os nossos heróis”.

Bial, com certeza sabe o verdadeiro significado do termo herói, afinal ele foi correspondente internacional da rede globo por muitos anos e dentre os fatos marcantes que cobriu durante a vida de repórter, está à guerra do golfo em 91. Então, ele sabe que herói, foram os civis inocentes que conseguiram bravamente, sobreviver aos bombardeios americanos, que visto pela TV, mais parecia um jogo de vídeo-game.

Esta semana, chegou ao fim mais uma edição do BBB, a casa mais vigiada do Brasil. Ué! Mas a casa mais vigiada do país não deveria ser o Palácio do Planalto? Onde deveríamos ficar dando uma espiadinha e fiscalizar nossos representantes que venceram a prova do líder com nossos votos em eleições diretas.

E o colar do anjo da semana, do mês, do ano, da década, do século vai para nós brasileiros, que sempre imunizamos dos paredões os mensaleiros, corruptos, doleiros, lobistas entre outros.

Na ultima edição do BBB, Gisele foi recordista de paredões, seis no total, venceu todos e chegou a final, mas foi derrotada por Rafinha. Não concordo que ela seja recordista em paredões, Paulo Maluf, por exemplo, foi a infinitos paredões e venceu todos, ele é um imunizado vitalício.

Nossa! Quanto dinheiro ganhou o Rafinha né! Coitado, ele merecia mesmo, rapaz bonzinho, simples, simpático e pobre.

Vamos continuar ligando para o programa e ajudar nossos brothers a permanecer ganhando carros, prêmios e fama. E também vamos colaborar com a emissora Plin-Plin, que em cada edição do BBB fatura em média, cento e trinta milhões de reais, enquanto nós, que trabalhamos arduamente todos os dias e no período da noite, ficamos confinados em casa assistindo ao programa, faturamos quatrocentos e doze estalecas por mês e ainda temos muitas vezes que atender o big fone, pois o crediário venceu e não há mais estalecas para pagar.

Já ia me esquecendo, pergunte para o Bial se ele conhece a ex candidata a presidência da Colômbia, Ingrid Bitencourt, que há seis anos é refém das Farcs, Força Revolucionaria Colombiana. Ela sim, Pedro Bial, é uma heroína e têm direito a um milhão de motivos a ser denominada assim.

4 comentários:

Anônimo disse...

Extraordinário.
O mais incrível é que muitos brasileiros reclamam da vida, mas não reclamam de pagar a conta de luz que gastou seja R$ 2, a mais para assistir o BBB. É paredão, anjo, um milhão, e nós o que ganhamos? A falta de respeito de uma emissora que faz da vida privada um mundo vazio sem limites, dentro desse jogo não há pobres coitados e sim pessoas que são um pouco melhor de vida do que as outras.
Acreditar que comprando revista e mandando cupom ou vídeo para ser exibido será um dos integrantes da casa é pura ilusão, todos são escolhidos a dedo, há modelos, atrizes, jornalistas, etc e tal em todas edições do BBB, mas não tem um lixeiro, uma babá, faxineira, marceneiro, e por aí vai.
Quem não quer um milhão? A resposta é unânime. Este é o nosso Brasil, até que edição esse programa vai hein minha gente?

Anônimo disse...

Bom, concordo com tudo isso, mas concordo também que o Big Brother é um programa de entretenimento, nada mais do que isso e não deve ser levado tá a sério.
Pouco me importa se a Globo gasta milhões, ou se ela ganha milhões, pois ela é uma emissora de televisão e está fazendo o papel dela. O Bial chama os brothers e heróis se baseando no contexto do jogo, pois naquele mundo eles são sim os heróis, no contexto no qual estão inseridos.
O Big Brother faz tanto sucesso no Brasil pois o nosso povo possui a característica voyeur, ou seja, gosta de observar os outros ao invés de tomar suas próprias atitudes. É fácil julgar, apontar defeitos e reclamar... mas agir, ah! isso dá muito trabalho.
Os políticos roubam, montam e desmontam CPIs, dão risada da cara do "pobre coitado" do povo brasileiro e está tudo bem. Vocês ficaram sabendo das manifestações na Argentina... será que não está na hora de fazermos o mesmo ao invés de ficarmos dando uma espiadinha e apontando os defeitos dos outros... Não está satisfeito? - vai lá e faz melhor!

Não acho que a globo esteja errada e nem que tenhamos que crucificar o Big Brother... ele é apenas um programa de televisão, nada mais.

Anônimo disse...

Triste. Ou revoltante.
A situação em que vivemos é ridícula, o povo se preocupa mais com programas como o Big Brother e novelas do que com o que realmente importa, que é, como você disse, nossa política.
Os valores dessa sociedade estão mais confusos que mosca que cheirou Raid.
Por isso é que nós, (futuros) jornalistas, temos que trabalhar pelo que é certo. Ou pelo que parece certo, afinal isso é relativo. Nós temos que trabalhar pra fazer essa população burra (e quem não gostou do termo está inserido nessa população) mudar em alguma coisa.
Big Brother tem que ser entretenimento pra quem não tem o que fazer e não ser o segredo para a felicidade do povo brasileiro.
Triste E revoltante.

Anônimo disse...

Há sempre aquela indignação do brasileiro com a violência, com o salário, com os crimes que os políticos cometem diariamente, mas esta indigação é algo que parece pairar sobre a hipocrisia ou demagogia, como preferirem. Mostrar falsa indignação é diferente de indignar-se. Na primeira, você faz um comentário bobo com alguém do lado, como aqueles que ouvimos todos os dias em ônibus, filas de banco, "só tem ladrão em Brasília", "o salário é uma vergonha". Na segunda, INDIGNAR-SE, temos um belo exemplo que são os nossos vizinhos argentinos. Não medem esforços, fazem panelaços, vão para as ruas. Enquanto isso o brasileiro fica aqui parado querendo rivalizar no futebol, chega a ser frustrante, não? Mas o que eu procuro através desta mensagem? Incentivar que cada um pegue sua panela e vá para a rua? Nem tanto, acredito que cada um começar a fazer seu papel de cidadão já seria um bom caminho. Quantos casos não vemos diariamente de crimes e golpes acontecendo e a vítima sequer procura a polícia, não registrando nem um boletim de ocorrência? Nesse mesmo sentido, já observei pessoas que foram assaltadas, reclamando que a polícia nada fazia, quando questionei sobre o que a polícia tinha dito a esta pessoa, a surpresa: "nem fui na polícia". Tudo começa pelas pequenas coisas, não adianta exigirmos uma grande manifestação popular, se os indivíduos não lutam pelo bem comum em sua rua ou comunidade. Não adianta querer indignar-se se você não cumpre sua parte na sociedade. Agora, por outro lado...
Rafinha campeão e 'tá tudo certo'! Aí tem casos, como vi outro dia em um programa cheio de cultura da RedeTV!, de pessoas que escrevem para lá, indignadas pelo fato do sujeito ter ganho o programa, ou querendo um fim de semana com ele. Dá pra crer? De um povo heróico, o brado retumbante, caro Chicarino!