5.5.08

Essa tal liberdade

por Janaina Cortez

No dia 3 de maio comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas será que nós jornalistas somos realmente livres?

Esse dia também é usado para recordar os milhares de jornalistas que perderam a vida em missão, em plena busca de informação, em busca da pura verdade.

Dois períodos históricos vieram-me à mente quando sentei para pensar um pouco sobre esta data e o que ela representa atualmente. O primeiro é mais remoto. Trata-se do Século das Luzes (século XVIII), na Europa e EUA.

O segundo é mais próximo, tanto no tempo, quanto no espaço. Falo das ditaduras militares da segunda metade do século XX, no Brasil

O efeito mais direto dos iluministas foi a inversão da ordem social estabelecida com os princípios herdados da era Medieval. Mas, um outro efeito, mais profundo e imperceptível, se processava nos porões do pensamento. Uma transformação radical alterava a posição que o ser humano ocupava dentro da natureza e da sociedade, foram instituídos os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade entre os povos.

“Posso discordar do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.” Esta frase, de Voltaire, ilustra um grande anseio de liberdade de pensamento e de comunicação.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é fruto do Século das Luzes. Reza o artigo 19 desse documento: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”

Bem, quase dois séculos depois, na América Latina, “o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões” virou uma grande utopia. As informações eram violentamente censuradas pelo regime, por meio de torturas físicas e psicológicas, exílios, assassinatos e atentados, ou mesmo a cassação dos direitos políticos de centenas de jornalistas.

O caso mais expressivo talvez tenha sido o do jornalista Vladimir Herzog, enforcado em sua cela na sede do comando do II Exército, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975.

Enquanto a classe média da sociedade brasileira assistia extasiada, pela TV em cores, ao jogo da final Brasil 4 X 1 Itália, da copa de 1970, no México, nos calabouços do regime existiam homens sendo mortos friamente.

Após o movimento das “Diretas Já” (1984), reinicia-se um processo de redemocratização política no Brasil. A partir de então, novos ares começaram a pairar sobre os meios de comunicação.

Mas, calma, as coisas não melhoraram da noite para o dia; e nem estão completamente sanadas. Acredito que produzir memória (crítica ou narrativa) é uma ação de responsabilidade social.

A “Liberdade de Imprensa” que eu, como jornalista, desejo, é uma construção cotidiana interminável e incansável. Acredito que a liberdade de imprensa é indissociável de responsabilidade social.

Nós, jornalistas do Blog Seu Brasil, fazemos nosso trabalho por que acreditamos (por mais difícil que seja) na possibilidade de construirmos um espaço de convivência social mais justo, menos violento, mais fraterno e mais igualitário.

Os espaços que reservamos para nossos leitores fazerem seus comentários é um lugar democrático, no qual depositamos o desejo de vermos discussões e debates que contribuam para a consolidação do regime democrático em nossa sociedade.

O jornalista não pode se limitar a informar sobre as mudanças ocorridas, mas deve ser também, ele próprio, um agente de mudança. Eu estou fazendo minha parte, e você?

Parabéns pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa!

2 comentários:

Anônimo disse...

SILÊNCIO!!!!!!!!!!!!!!
Eu gostaria de informar os senhores e senhoras que ....
SILÊNCIO!!!!!!!!!!!!!!!
Infelizmente vivemos numa sociedade em que a informação é a arma do sucesso. Infelizmente porque se o ato de informar fosse meramente para contribuirmos com a sociedade, nós, jornalistas, não seríamos tão perseguidos e nem sujeitos a se submeter a trabalhar em veículos que tem que esconder a verdade núa e crua.
A verdadeira Liberdade de Imprensa não existe, o que há de fato é a suja Liberdade de Empresa, a que nós recém-formados temos que nos sujeitar a trabalhar para pagarmos as contas no final do mês. Quando pensamos em fazer algo para mudar, ser o agente de mudança, lá vem a ordem. SILÊNCIO!!!
Sonho em um dia ter construído o meu império para escrever o que quiser e criticar o que estou vendo de errado, mas no momento, isto ainda é impossível.
O Sr.Marinho construiu o Império e hoje o que a sua emissora retrata é verdade, mesmo que seja mentira, o fato se torna verídico.
Espero ver a Liberdade de Imprensa coexistir um dia.

Anônimo disse...

Atue em obras sociais sérias e veja se não é possivél ser um agente de mudança.
Não cale-se diante de determinadas coisas,só assim poderemos fazer alguma (pouca mas válida) diferença.