1.5.08

Ironias de um 1º de maio

por Ton Torres

Ironia. Gosto desta palavra. Gosto de quem é irônico. É saudável usar a ironia no trabalho. Jornalistas bem sucedidos e respeitados usam a ironia o tempo todo. Jornalistas fracassados e esquerdistas também usam a ironia o tempo todo. Ironias em um 1º de maio (sim, 1º de maio, e não 1 de maio) são ainda mais cômicas.

Na véspera do dia do trabalho (no qual o trabalhador não trabalha!) recebi minha edição de abril da Revista do Brasil. Não gosto da revista, mas a adotei para fins meramente de ironização. A capa: Mino Carta. É bom ver como a imprensa manipulada pelo governo reage contra a própria imprensa. É bom ver uma edição de abril, o “mês vermelho” da facção terrorista MST.

A entrevista teve o mesmo tom que qualquer outra: pau na Veja e na Folha e que a culpa de tudo de ruim que acontece no Brasil é da “zelite” branca. Sempre a “zelite”. Sempre a mesma “zelite”.

A revista é tão insignificante que a esqueci dentro do carro, no porta-luvas, local que certamente nunca mais iria lembrar que ali jaz uma revista. Acontece que no mesmo dia recebi um livro que havia emprestado meses atrás: Lula é minha anta, do cronista Diogo Mainardi. Meu livro de cabeceira. Perfeito. Mino Carta e Diogo Mainardi não se bicam. Mino Carta e Diogo Mainardi seriam meu próximo tema aqui no blog.

Mino Carta ataca a “zelite” branca. Diogo Mainardi faz parte da “zelite” branca. Mino ataca meios como a Folha e a Veja. Diogo faz parte de meios como a Folha e a Veja. Mino alinha-se a Lula. Lula é a anta de Diogo. Mino não suporta tecnologias, aversão que o obriga até os dias de hoje a redigir todos os textos em sua máquina Olivetti Linea 88. Mainardi desfruta de posts no site da Veja, podcasts semanais e, como todo jornalismo comum, usa computadores para produzir os textos. Mas já confessou que assim que foi apresentado à internet, algum tempo atrás, a ironizou, afirmando que já existia o fax, e que portanto aquela tecnologia logo ficaria obsoleta. Nem só a diferença reina entre os dois.

As semelhanças também fortalecem o elo entre Mainardi e Mino. Mino Carta não acredita no Brasil, acha que não temos chance. Diogo Mainardi já foi acusado de torcer contra o progresso da terra brasilis. E respondeu: “não preciso torcer contra o crescimento do Brasil. O Brasil não precisa disso. Ele se desfazerá sozinho”.

Assim como Paulo Henrique Amorim, que atacou o portal iG assim que foi demitido, Mino Carta hoje desrespeita a Folha, o Estadão, o Jornal da Tarde e a Veja. Mino trabalhou em alguns desses meios. Mino Carta fundou alguns desses meios. Para um jornalista, o que era ruim ontem deve obrigatoriamente continuar ruim hoje. Não ensinaram essa regrinha a Paulo Henrique e a Mino Carta. Mas eles são bons em ironizar. Ironizam tanto que continuam fazendo parte e sendo contra a “zelite” branca. Eu prefiro só fazer parte. Ironizar a “zelite”, deixa que os petistas façam isso.

1 comentários:

Anônimo disse...

Que ton irônico Ton.
Tantas coisas acontecem num país não é verdade? E para se levar a vida numa boa o jeito é ironizar tudo e fingir que está tudo a mil maravilhas.